O mistério de Luís Delgado e da Impresa

Há dias, discretamente como convém, o grupo de Balsemão, chamado Impresa, anunciou a venda das suas revistas a Luís Delgado, pela quantia aproximada de 10 milhões de euros.
As revistas vendidas são a Activa, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, TeleNovelas, TV Mais, Visão História e Visão Junior. 
O comprador é um empresa unipessoal de Luís Delgado chamada Trust in News, Unipessoal, Lda .

O que espanta aqui é que Luís Delgado é um jornalista e comentador e não um homem de negócios. Onde vai um jornalista arranjar 10 milhões de euros?~

Se formos reparar a Trust in News é um empresa criada em 15 de Dezembro de 2017. Antes não existia. O seu capital é de 10.000,00 (dez mil euros). Portanto, é uma concha vazia usada por Delgado para comprar as revistas de Impresa. Se a empresa é inexistente, o que dizer de Luís Delgado?

Na imprensa, Jornal de Negócios, Luís Delgado é descrito da seguinte forma:

"Luís Delgado já desempenhou vários papéis na comunicação social. Foi presidente executivo da Lusomundo Media, foi fundador do Diário Digital, lançou a revista Time Out em Portugal e foi um dos responsáveis pelo projecto que nasceu no Mercado da Ribeira, tendo em 2015 vendido a revista e o Mercado da Ribeira ao fundo Oakley Capital Investments, proprietário do Time Out Group. O valor da operação não foi revelado. "
Este Oakley Capital Investments é um fundo privado (private equity) com sede nas Bermudas e dirigido por Christopher Wetherhill. Portanto, Delgado já andou em negócios, que contudo, "despachou" rapidamente. Não é um empresário dos media.

Mesmo assim, pode-se imaginar  que Luís Delgado tenha resolvido investir os proventos recebidos das vendas da Time Out e do projecto do Mercado da Ribeira nas revistas de Balsemão. 
Mas tal é duvidoso. Todos sabemos que essas revistas estavam à venda porque ou não eram rentáveis, ou a sua rentabilidade futura estava em dúvida. Ora ninguém iria investir os seus lucros pessoais numa aventura de tão duvidosa esperança.

Mais provável é que Delgado esteja a operar em nome ou representação de alguém.  
E saber quem está a apoiar esta compra de Delgado é que é importante.
Fica aqui a pergunta: quem apoia a compra de Luís Delgado das revistas de Balsemão?

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